quinta-feira, 27 de março de 2008

Estalo

Minha paciência tem limite!
Assim como a abertura
Das minhas pernas.

A generosidade,
Antes farta como meus peitos,
Minguou.

Depois da noite ridícula,
Mais uma madrugada
Ouvindo o portão da sua casa
Estalar
Comigo para o lado de fora.

Antes de me ligar outra vez
Passe na minha terapeuta.
Tome jeito – ou Viagra –,
Vare a madrugada
Treinando punhetas.

Porque voltar para casa
A pé
E com a buceta seca
Não é para mim.

É para as fraquinhas!

terça-feira, 25 de março de 2008

O gosto delas

Seria óbvio se fosse pau,
Nem tanto para falar de buceta.

Permitam-me uma comparação grosseira
Mas eficaz.
(O prazer do biólogo em classificar
Suas descobertas)

O gosto das bucetas varia
Como o das bananas.

Há diversos tipos
E variações nas mesmas espécies.
Doce ou insossa,
Perfumada ou fétida,
Mais ou menos madura,
“Amarrando na boca”, como diria minha avó.

Nunca presenciei discussão sobre o tema,
Porém acredito que cada um tenha sua preferência
Nos dois casos
Bananas e bucetas.

Resta confessar meu gosto:
Longe da inconsistência da banana maçã,
“Pedacenta”,
E do cheiro e gosto enjoados da gigante nanica
– que é puro paradoxo -
A perfeição é a banana prata.

Madura, ao ponto
Aquela que anteontem estava verde
E depois de amanhã estará passada.
O doce e a viscosidade ideais
Que anestesiam de leve a boca
Sem enjoar.

Mas independente do tipo
Buceta molhada é sempre melhor.

terça-feira, 11 de março de 2008

Lacre

Não há mais encaixe possível
Entre a ex-Lolita
E o garanhão decadente.
Nem mesmo para a mais simples das posições:
Conchinha.

Os corpos se agitam.
Sem jazz ou balé, esmorecem.
Cochilam no passado,
Num Natal qualquer.


O vinho encorpado evaporou,
A vela morreu no pires,
As sombras envelheceram nas paredes.
Então por que insistem uma, duas, três vezes?

Quando se perde no caminho,
O garanhão pede um atalho fácil.
E, pela primeira vez, ela consegue negar!
Rescisão do contrato.

Largue o fantasma, Lolita!
Deixe ele vagar por aí.
Ao garanhão caberia cobri-la uma última vez,
Porém seu vigor naufragou.

Num último lampejo,
Voltam ao páreo!


Ela se contenta com tão pouco,
Porque revive o tempo.
Quando o garanhão lhe consumia,
Implorava que virasse de bruços
E ela se debatia.

Agora seria tão fácil,
Mas ele nem sai do chão.
Mal sorri.

Contempla os peitos dela.
Sussurra até virar
Ronco.

quinta-feira, 6 de março de 2008

Pega-varetas

Eu sou aquela
Que você mal sabe o nome.

Que te olha por baixo das roupas
Para saber quem é bom mesmo
Na matilha dos poetas.

Eles me espreitam no espelho
Interrompem meus beijos desajeitados
Numa esquina qualquer de Higienópolis.

Cansei do lirismo lenga-lenga!
E não alcanço Rimbaud
No alto da estante.

Pense em nós,
Só nós dois,
Longe da cáfila dos poetas.
Num ponto de táxi
Na beira das putas
Que marcham na Augusta.

A dissonância de amores humanos,
Mais plurais do a coleção
De dedais da minha avó.

De regra, só mesmo
O pau duro e a buceta molhada,
Mesmo que artificiais.

O taxista reclama.
Quer saber: vamos ou não vamos?
Para onde?

Esquece dele.
Finge que não vê
As mãos aflitas no volante
E os olhos no retrovisor.

Seus dedos embrenhando-se
No meu sexo pulsátil,
Entre as coxas apertadas
E a saia despudorada.

Na janela,
O cemitério do Araçá ostenta flores tão vivas.
Feito as putas:
Cinza por dentro
E violeta
Da boca para fora.

Não quero chegar a lugar algum.
Só continuar a corrida de táxi
Na cidade que espalha pessoas e amores
Feito pega-varetas.
Com seus dedos lá.