terça-feira, 11 de março de 2008

Lacre

Não há mais encaixe possível
Entre a ex-Lolita
E o garanhão decadente.
Nem mesmo para a mais simples das posições:
Conchinha.

Os corpos se agitam.
Sem jazz ou balé, esmorecem.
Cochilam no passado,
Num Natal qualquer.


O vinho encorpado evaporou,
A vela morreu no pires,
As sombras envelheceram nas paredes.
Então por que insistem uma, duas, três vezes?

Quando se perde no caminho,
O garanhão pede um atalho fácil.
E, pela primeira vez, ela consegue negar!
Rescisão do contrato.

Largue o fantasma, Lolita!
Deixe ele vagar por aí.
Ao garanhão caberia cobri-la uma última vez,
Porém seu vigor naufragou.

Num último lampejo,
Voltam ao páreo!


Ela se contenta com tão pouco,
Porque revive o tempo.
Quando o garanhão lhe consumia,
Implorava que virasse de bruços
E ela se debatia.

Agora seria tão fácil,
Mas ele nem sai do chão.
Mal sorri.

Contempla os peitos dela.
Sussurra até virar
Ronco.

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