Eu sou aquela
Que você mal sabe o nome.
Que te olha por baixo das roupas
Para saber quem é bom mesmo
Na matilha dos poetas.
Eles me espreitam no espelho
Interrompem meus beijos desajeitados
Numa esquina qualquer de Higienópolis.
Cansei do lirismo lenga-lenga!
E não alcanço Rimbaud
No alto da estante.
Pense em nós,
Só nós dois,
Longe da cáfila dos poetas.
Num ponto de táxi
Na beira das putas
Que marcham na Augusta.
A dissonância de amores humanos,
Mais plurais do a coleção
De dedais da minha avó.
De regra, só mesmo
O pau duro e a buceta molhada,
Mesmo que artificiais.
O taxista reclama.
Quer saber: vamos ou não vamos?
Para onde?
Esquece dele.
Finge que não vê
As mãos aflitas no volante
E os olhos no retrovisor.
Seus dedos embrenhando-se
No meu sexo pulsátil,
Entre as coxas apertadas
E a saia despudorada.
Na janela,
O cemitério do Araçá ostenta flores tão vivas.
Feito as putas:
Cinza por dentro
E violeta
Da boca para fora.
Não quero chegar a lugar algum.
Só continuar a corrida de táxi
Na cidade que espalha pessoas e amores
Feito pega-varetas.
Com seus dedos lá.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
olha, esse poema em prosa é aquele de que gosto mais, do que vi seu. prossiga, vá em frente, vá mais longe, percorrendo a cidade e os mundos do corpo e da linguagem.
Postar um comentário